quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Turbilhão


Sem querer dar uma de Freud, veja bem. Mas me parece desafiador tentar decifrar um a um os turbilhões de idéias que surgem no pensamento. Como conseguir colocar no papel algo que está se passando em dimensões e proporções tão infinitas? Escrevo isso e ao mesmo tempo tenho pensado em várias outras coisas.
A mente voa, sem necessitar da muleta da coerência.

Deixa levar, e passa o gosto do café do início da manhã; desejos, cores vão remetendo a lugares no espaço e no tempo que não precisam ter interligação. Então, repentino, vêm as decepções consigo, sensação de mente e corpo em desequilíbrio. Será que tenho feito mesmo tudo errado? Quero dizer, nos meus quase-fiz, quase-falei. Até que deliberadamente se procura retomar a última lembrança agradável.

Em milésimo de segundo, vê-se um laranjado imenso e uma sensação quase sinestésica de vento no rosto, gosto de algodão doce, textura leve. E então saca-se: poderia viver pra sempre nessa sinestesia induzida.
Num piscar de olhos, essa idéia de êxtase acaba se dissolvendo em qualquer música que se ouviu antes, em qualquer idéia que se quis escrever sobre, porém ficara ali trancafiada por falta de coerência entre mente e caneta.

E questionar o por quê de se estar pensando e sentindo isso tudo também não cabe agora. Só rende outro turbilhão de questionamentos, e tudo recomeça.
Enquanto isso, o John grita I’ve got a feeling, e nós, a feeling deep inside, oh yeah, oh yeah;
É um sentimento deep inside de felicidade que, percebo neste momento, é inútil tentar traduzir em palavras. Seria subestimar demais o fato de saber por sentir.