quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Depois da tempestade, a bonança

O que somos diante da fragilidade das nossas vis carcaças humanas?
Nada.
Se tu estás vivo agora é porque és integralmente produto da sorte – ou de qualquer outra coisa que queiras chamar.

Sorte de não ter caído-lhe um raio sobre a cabeça enquanto saía de casa na tempestade de hoje. Sorte de não ter sofrido uma mutação numa célula. Sorte por ter saltado de pára-quedas e ele ter aberto na hora.

Claro, podemos nos proporcionar uma certa segurança. Desde não expor-nos ao raio até a tentar compensar os carcinogênicos de um cigarro comendo brócolis depois.
Mas nada nos faria deixar de ter um câncer, ou deixar de ter a cabeça partida por um raio, se isso fosse o que teria que acontecer.

A morte não é nada além dessa certeza irrefutável, tão mórbida e cruelmente imposta.
Somos nada diante dessa força. O que nos faz ser o que somos é a gana de viver, de aprender, de ser feliz. Poder chorar, poder errar, acertar, arrepender-se é maravilhoso. Poder estar viva e amar a vida é magnífico.

Quero acreditar que o tempo que fez hoje em Porto Alegre explicou tudo o que aconteceu contigo, meu padrinho querido.
Primeiro a tempestade, vento forte, alagamentos, intempéries. E no fim do dia, a calmaria, um sol tímido e um céu quase todo azul, mostrando que tudo estará bem de agora em diante.
Lutaste bravamente, com toda a tua força de vontade. Orgulhaste-nos! E tua peleja não acabou por aqui. Vai em paz

.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Desgosto


Ele odiava revistas de banheiro. Aquelas mesmo, que ficavam num cestinho do lado do vaso sanitário.
Aquelas pútridas revistas, pensava, o fitavam com escárnio. Ficavam lá esperando para serem lidas, e tinham absoluta certeza de que o seriam, por isso riam-se dele.


Sabiam, as malditas, que naqueles momentos de solidão não se havia mais absolutamente nada interessante a fazer.

Riam-se a ponto de humilhá-lo: sabiam que ele não resistiria folheá-las, mesmo tendo plena consciência da variedade incontável de coliformes fecais espalhados pelas páginas - desde os descaramentos da politicagem até as seções enfadonhas de variedades para patricinhas.

Era o que se tinha de mais cômodo àquele instante; detestava reconhecer que era informação adquirida puramente via goela abaixo.

E também achava repugnante ter que umedecer o dedo na língua pra poder trocar de página. Porém só o percebia depois de já ter engolido.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Banho de Vini



O HAVER

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima ped
indo perdão por tudo
- Perdoai! eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo que existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lent
a decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir na madrugada pass
os que se perdem sem memória.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de sua inútil poesia e de sua força inútil.

Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado
De pequenos absurd
os, essa tola capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem de comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será e virá a ser
E ao mesmo tempo ess
e desejo de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não têm ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidad
e, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos

E essa impressionante e desnecessária
presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e ess
a pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta essa obstinação em não fugir do labirinto
Na busca desesperada de uma porta quem sabe inexistente
E essa coragem indizível diante do grande medo
E ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva.

Resta esse des
ejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem história
Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento
Esse abandono sem remis
são à sua voragem insaciável
Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços
E esse eterno ressuscitar para ser recrucificado.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio
Pelo momento a vir, quando, emocionada
Ela virá me abrir a porta como uma velha amante
Sem saber que é a minha mais nova namorada.



SONETO A QUATRO MÃOS

Tudo de amor que existe em mim foi dado
Tudo que fala em mim de amor foi dito
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.

Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.

Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.

Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano.

Vinícius de Moraes e Paulo Mendes Campos

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Compre ColorFlu

Certa vez houve no planeta o que depois ficou conhecido como “A Grande Praga”. As pessoas estavam em pânico. Era o fim do mundo. Ocorrera que os microrganismos entraram em guerra contra as sociedades humanóides. Vírus e bactérias de toda sorte alastraram-se feito gripe suína. O noticiário anunciava milhares de mortes a cada dia. Ninguém sabia mais o que fazer para livrar-se da nova peste. Surge então a propaganda de maior audiência já vista. A dos comprimidos ColorFlu.
As indústrias capitalisticamente farmacêuticas haviam assumido o posto de escudo dos humanóides. Prometiam curar para sempre as novas doenças, e os preços, claro, eram proporcionais à importância irrefragável do medicamento. Todos, a menos que preferissem morrer, deveriam comprar e curar-se. E os sortudos que ainda não haviam contraído a peste, deveriam fazer uso para fins de profilaxia.


Logo, o sentimento de “e agora, quem poderá nos defender” dava lugar à esperança. As comadres nas janelas esqueceram-se da vida da vizinha e só falavam no novo remédio. Os homens traídos perdoaram as mulheres. Os padres acabaram com seus jejuns. As notícias de mortes estavam esquecidas e as pessoas estavam felizes de novo!
As indústrias, visando atender a todos os gostos, lançaram comprimidos de todas as cores. Certa noite um galã de cinema apareceu no noticiário testemunhando sua cura através do verde. Em pouco tempo, a última tendência em comprimidos era o verde. Era o top das vitrines das farmácias. Todos queriam verde.

Claro que sempre havia os que estavam indignados com o que estava acontecendo. Socialistas-stalinistas-heloisas-helenistas-de-esquerda mobilizavam protestos fervorosos em favor do comprimido vermelho. Toda a sociedade deveria receber somente comprimidos vermelhos, e o estado tomaria conta da distribuição igualitária.
Anarquistas-punks-radicais-de-fim-de-semana também organizavam seus protestos. Defendiam o A da anarquia impresso em todos os comprimidos, e depredavam patrimônio público e privado - embora isso eles já fizessem antes sem motivo aparente.
Skin-Heads-neo-nazistas exigiam que as farmácias suspendessem as vendas para os judeus.


Contudo, a propaganda ainda estava fervendo nos meios de comunicação. Famílias felizes no café da manhã comiam pão com margarina e recomendavam ColorFlu.
Depois de algum tempo, novas tendências nos formatos dos comprimidos apareceram no mercado, na medida em que eram sugeridos pela telenovela.
Um dos formatos que não obteve o menor sucesso foi o de estrela, uma vez que milhares de pessoas tiveram suas gargantas perfuradas ao ingerirem. Com o ocorrido, mobilizaram-se contra as indústrias farmacêuticas. Fizeram protestos, queriam indenizações homéricas por conta das escoriações sofridas. Os que ingeriram o formato coração também uniram-se à causa, já que constataram que o remédio não fizera efeito.
Rapidamente milhões de pessoas juntaram-se e destruíram as fábricas dos comprimidos. E juravam que estavam com a razão. Afinal, era um erro dar tanta atenção à propaganda.

domingo, 14 de junho de 2009

Jumentice, dá um tempo

Frequentemente ouve-se algumas criaturas apregoarem por aí que não acreditam em Deus por causa da singela justificativa de que “As pessoas estão sempre procurando algo para explicar as coisas”.
Eu acho de uma ignorância hilária botar a culpa dessa questão absurdamente complexa no fato de as pessoas humildemente quererem explicar o que não lhes está ao alcance.

Eu, de minha parte, acho maravilhoso que antepassados nossos tenham buscado explicações pras coisas...
Como é que nossos pais teriam nos contado como surgem os bebês se não fosse a magnífica tese da cegonha?
Graças às justificativas das pessoas, nossos pais puderam se livrar do constrangimento de explicar pra uns pirralhos de 5 anos como é que realmente funciona, e nós pudemos manter nossas mentes infantis fartas de imaginação inocente. Maravilha!

E o que teria sido de nós, reles estudantes, se aqueles de inteligência e falta do que fazer imensuráveis não tivessem buscado explicações pras coisas e então mastigado todas as fórmulas prontinhas pra nós?
De absoluto seria o caos.
Além disso, os Isaac-Newtons de hoje teriam que ser obrigatoriamente do naipe daquele seu amigo nerd esquizofrênico que todo mundo tem medo!
(Não que esquizofrenia esteja sempre ligada à nerdisse, e também não que esquizofrenia seja ruim, já que está quase sempre intimamente ligada aos gênios – que por sua vez não são nerds em específico. Enfim).

Eu realmente sou grata àqueles que vieram primeiro e justificaram coisas das quais não precisei me prestar a. Imagina o trabalhão que daria ir até Marte ver que realmente não tem marcianinho lá?

Aí esses adeptos do ceticismo – aliás, coisa que é ignorância da mais jumenta especialmente porque só almeja não ser ignorante - vêm pôr a culpa de Deus existir ou não nos pífios humaninhos que pensam explicar tudo. Bem, estamos esperando vocês seres superiores justificarem-se melhor então...

Se bem que eu acharia tanto melhor se deixássemos pra lá, porque esse negócio de existir Deus ou não, na verdade é assunto exclusivo de mesa de bar. Esse e aquele do “quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?”. De preferência tomando uma bem gelada.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Velhice


Observação auto-avaliativa cretina de véspera de vigésimo aniversário:


Essa ruguinha não estava aí antes.




terça-feira, 28 de abril de 2009

Montanha Russa


Quem ainda acha que TPM é lenda, que vá virar mulher pra ver! (Sim, porque só não sendo uma pra negar a existência dessa praga que pega a gente uma vez por mês). Praga! Primeiro porque precede aqueles dias de cólica, de incomodação e desconforto. Segundo, porque quando pega deixa a gente lesadinha. É uma inconstância sentimental, cara feia, cara feliz e choro. Muito choro.

Tudo irrita. A voz daquela infeliz que não cala a boca no banco de trás do ônibus deixa louca de raiva, ainda mais porque você esqueceu em casa os fones de ouvido, e a vontade de enfiar a mão na cara da idiota corrói por dentro. Como é que alguém consegue estar rindo a essa hora da manhã? Essa infeliz merece ir pro inferno! Ela e todos desse ônibus barulhento. E como diabos eu fui esquecer aquela merda de fone em casa? Sou uma irresponsável mesmo, esqueço tudo, só chego atrasada, ai Jesus, olha a hora que já é! Tudo culpa minha, culpa deles todos, odeio tudo!

Tá. Calma. Calma. Conta até 10, vai, faz isso, força na peruca!
E a raiva vai embora tão rápido quanto chegou.


Bom dia? Bom dia é o cacete! Só se for pra você, porque pra mim tá tudo péssimo. Desde ontem tem dado tudo errado na minha vida. Ta vendo? Minha vida é uma depressão! Me sinto horrível e desinteressante, olha pra mim, sou tenebrosa. Preciso desesperadamente de um chocolate daqueles com avelãs. Mastigo e derrete na boca, que maravilha, meu Deus, que momento sublime!
Pronto, agora me sinto uma gorda horrível que come compulsivamente, estúpida e burra e feia. Dá vontade de dormir sem escovar os dentes de tanto ódio!


Não quero nem saber, vou me rebelar, vou largar a faculdade. Vou viver de esmola, quem sabe assim alguém tem dó de mim. Não quero mais saber de nada, vou é encher a cara em qualquer boteco, tenho direito de estar assim, será que as pessoas não percebem que tá tudo uma porcaria? Odeio. Amo. Dou patada. Dou gargalhada. Choro feito criança.


Então de súbito, uma perspectiva maravilhosa de que a vida vai melhorar toma conta do seu ser. A cartelinha do anticoncepcional diz que amanhã é dia de menstruação.

MS

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Pão e Circo

Seleção Brasileira de futebol em Porto Alegre. Só se falava nisso. As pessoas em êxtase se aglomerando pra verem seus ídolos que... fazem o que mesmo? Ah! jogam futebol! Futebol arte, tá ligado?...

A TV local de Porto Alegre, claro, cobrindo o evento todo na íntegra. Um link ao vivo mostrando todos os detalhes da saída da Seleção Super Fantástica.
Eis que a repórter aborda o Kaká entrando no ônibus da Seleção – e sedenta por arrancar qualquer palavra da simpatia, larga um: “Vai pro jogo, Kaká?!”

Não amiga!!! ele tá pegando a condução pro turno da noite do Frigorífico!...

Aí pra completar, o baba-ovo da Renascer e do dinheiro lavado da Bispa Sônia, nem se prestou a olhar pra infeliz da repórter.
Ronaldinho Endeusado Gaúcho vinha logo atrás, e adivinha! Ela repetiu a pergunta infame! E teve que disfarçar com outro comentário estúpido o vácuo que ele deixou: “Aí vem o técnico Dunga, sempre com suas roupas diferentes, seu estilo próprio de se vestir não é?”

Podia chamar logo a Glória Kalil, pra tricotarem ao vivo sobre o modelito dele né colega?!

Quer dizer, é uma porcaria em função da outra. Uma simpatia-de-dar-inveja-na-Hebe dos jogadores superstars, uma mídia puxa-saco e manipuladora, e dá-lhe pão e circo pra toda essa multidão!

Mesmo assim, não é que eu ache o futebol assim tão ruim. Entendo que é paixão nacional, que é coisa cultural e blá blá blá. O problema é a manipulação descarada e fanfarronada que se faz.
Então sinceramente... pra esses caras todos, pros Deuses da Seleção, pro Grenal e pros gols da rodada: tô cagando e andando.

MS

segunda-feira, 16 de março de 2009

The Greatest Hits

Andei dizendo por aí que os clichês não me soam bem. Mas dessa eu preciso me retificar: esqueci dos Greatest Hits!
Sim! Os the very best of. São os top que todo mundo conhece. O senso comum da música.
Mas... quem se importa? Ninguém tem a cara de pau de negar que sejam as melhores!

Observe, todavia, que por certo não me refiro aos Greatest de seres nebulosos do tipo Angélica e sua lastimável Vou de Táxi - de modo que se torna desnecessário citar semelhantes.

E bem, ninguém pode dizer que nunca baixou logo os Greatest Hits pra “ver qualé que é a dessa banda aí”.
As the very best são aquelas que servem pra vender o peixe mesmo. Embora tenha algumas que o venderiam bem melhor se não esquecessem de incluir umas top - do tipo Dogs nos Best do Pink Floyd, por exemplo.

Por outro lado, também acho que seja difícil eleger melhores coisas quando se estabelece um número limitado pra elas:
Pensa aí nos 5 melhores prazeres da vida. “Ah, mas são tantos! Posso eleger mais?”
Então me diz aí os 5 melhores álbuns de todos os tempos.
Nada fácil escolher, não?...

Na verdade, o melhor dessa história toda é que podemos chamar os Greatest-Clichê-Hits por outro nome: o primo mais requintado do clichê. O Senhor Clássico!
Ah, esse sim tem um quê de peculiaridade. Todo mundo acaba sendo fiel aos classicões, às velharias; e os melhores Hits de todos os tempos nada mais são do que adoráveis clássicos - assim como disco de vinil na vitrola, Scotch Whisky 12 Anos e máquina de escrever.

MS

segunda-feira, 9 de março de 2009

what do you do for money, honey?

Dinheiro na mão é vendaval?
Dinheiro na mão?
Dinh?
?
O Dinheiro é a escória dos papéis.

MS

sábado, 7 de março de 2009

Telemarketing

Aquió, o que eu tenho pra dizer é que esse seu plano de saúde é uma merda, colega. Tô é puto da cara com essa falta de respeito. A gente trabalha, paga essa porra de plano pra, Deus que me livre, nunca precisar. Mas quando precisa a gente é atendido desse jeito que vocês chamam de excelente. Quero que esse pessoalzinho vá é pro inferno, ta entendeno? E você junto, rapá. Ficar calmo? Eu ESTOU calmo, seu ladrão. Fico puto quando me mandam ficar calmo. Como se você soubesse o que é levar de Fusca a tua sogra pro próprio enterro e a merda do plano de saúde não cobrir nem metade da despesa. Como? Não cobre enterro? Ta gozando com a minha cara, rapá? A mulher e as criança aqui do lado choramingando, me enchendo o saco, e ainda tenho que me fuder pagando toda essa bosta. Cala a boca mulher! Quê? Não, animal, não você. É, vocês querem mermo é que a gente morra pagando prestação, seus ladrões. Não, não quero saber de nada disso, eu quero é receber o que vocês me roubaram ta entendeno? Quê? Infelizmente não é possível? Eu vou no Procon ta entendeno? Boto vocês tudo na cadeia seu bando de viado ladrão! Eu fico puto da cara! Cala a boooooca mulher!!

A ExcelenteMed agradece a sua ligação. Aperte 1 para super satisfeito. 2 para satisfeito. 3 para repetir o menu anterior.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Turbilhão


Sem querer dar uma de Freud, veja bem. Mas me parece desafiador tentar decifrar um a um os turbilhões de idéias que surgem no pensamento. Como conseguir colocar no papel algo que está se passando em dimensões e proporções tão infinitas? Escrevo isso e ao mesmo tempo tenho pensado em várias outras coisas.
A mente voa, sem necessitar da muleta da coerência.

Deixa levar, e passa o gosto do café do início da manhã; desejos, cores vão remetendo a lugares no espaço e no tempo que não precisam ter interligação. Então, repentino, vêm as decepções consigo, sensação de mente e corpo em desequilíbrio. Será que tenho feito mesmo tudo errado? Quero dizer, nos meus quase-fiz, quase-falei. Até que deliberadamente se procura retomar a última lembrança agradável.

Em milésimo de segundo, vê-se um laranjado imenso e uma sensação quase sinestésica de vento no rosto, gosto de algodão doce, textura leve. E então saca-se: poderia viver pra sempre nessa sinestesia induzida.
Num piscar de olhos, essa idéia de êxtase acaba se dissolvendo em qualquer música que se ouviu antes, em qualquer idéia que se quis escrever sobre, porém ficara ali trancafiada por falta de coerência entre mente e caneta.

E questionar o por quê de se estar pensando e sentindo isso tudo também não cabe agora. Só rende outro turbilhão de questionamentos, e tudo recomeça.
Enquanto isso, o John grita I’ve got a feeling, e nós, a feeling deep inside, oh yeah, oh yeah;
É um sentimento deep inside de felicidade que, percebo neste momento, é inútil tentar traduzir em palavras. Seria subestimar demais o fato de saber por sentir.