quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Depois da tempestade, a bonança

O que somos diante da fragilidade das nossas vis carcaças humanas?
Nada.
Se tu estás vivo agora é porque és integralmente produto da sorte – ou de qualquer outra coisa que queiras chamar.

Sorte de não ter caído-lhe um raio sobre a cabeça enquanto saía de casa na tempestade de hoje. Sorte de não ter sofrido uma mutação numa célula. Sorte por ter saltado de pára-quedas e ele ter aberto na hora.

Claro, podemos nos proporcionar uma certa segurança. Desde não expor-nos ao raio até a tentar compensar os carcinogênicos de um cigarro comendo brócolis depois.
Mas nada nos faria deixar de ter um câncer, ou deixar de ter a cabeça partida por um raio, se isso fosse o que teria que acontecer.

A morte não é nada além dessa certeza irrefutável, tão mórbida e cruelmente imposta.
Somos nada diante dessa força. O que nos faz ser o que somos é a gana de viver, de aprender, de ser feliz. Poder chorar, poder errar, acertar, arrepender-se é maravilhoso. Poder estar viva e amar a vida é magnífico.

Quero acreditar que o tempo que fez hoje em Porto Alegre explicou tudo o que aconteceu contigo, meu padrinho querido.
Primeiro a tempestade, vento forte, alagamentos, intempéries. E no fim do dia, a calmaria, um sol tímido e um céu quase todo azul, mostrando que tudo estará bem de agora em diante.
Lutaste bravamente, com toda a tua força de vontade. Orgulhaste-nos! E tua peleja não acabou por aqui. Vai em paz

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