quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Errorex vai bombar!

Embora esse assunto vire um saco por causa da multidão que vai dar pitaco sobre isso nos próximos meses, tenho - TENHO - que deixar minha opinião.
Achei uma merda completa essa mudança na ortografia da língua portuguesa.

Por exemplo, em palavras como idéia, sabe? Que o Word não me deixa escrever certo. Aí tu volta e corrige: Ideia, assim. Quem é o indivíduo que não vai se esquecer da nova regra e botar o acentão lá no E? Todo mundo! Errorex vai bombar!
Mas teve algo que me deixou indignada. (Indiguinada? Será que mudaram essa também?) A trema. Eles cortaram a trema gente! Lingüiça agora virou Lingüiça. Digo, Linguiça, porra Word!
Imaginei chegando no açougue do mercado e “me dá aí um quilo de linguiça.”
Sim porque as crianças de 7 anos que foram alfabetizadas até agora, devem ter aprendido que lingüiça tem trema, e pior, aquelas que fazem cursinho de informática devem ter aprendido que não precisa por a trema em lingüiça, mas só porque o Santo Word faz sozinho.

Isto é: CAOS!!! Teremos que re-alfabetizar as crianças! A cabeça delas vai dar um nó! (realfabetizar? Real-fabetizar? Oh my god, o que eu faço com esse hífen?). Teremos que nos realfab-etizar. Ensinar os priminhos mais novos de que apenas se escreve Tranquilo, mas se lê trancu-ílo, lingu-íça. Teremos que readaptar o Word!

E teremos que - o pior pra ala defensora das teorias da conspiração – comprar novos dicionários! Lógico! Pura jogada comercial das editoras, aqueles capitalistas filhos duma puta!
Ah meu Deus! Não acredito. Claro! Agora ficou tudo muito claro! Foi golpe das editoras junto com os fabricantes de Errorex!
É o fim da picada. Só podia ser no Brasil mesmo. Vou me mudar pra Argentina.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Practicing English com Léozinho

Léozinho digitava seu Currículo, quando deparou-se com uma inquietante dúvida:
Inglês Avançado ou Intermediário?

Dias depois, Dona Alaíde - a funcionária da limpeza do escritório para o qual Léozinho havia mandado seu currículo - encontrou no lixo um papel amassado. Lhe chamara a atenção aquele rabisco de um X enorme em vermelho. Segundo o chefe da Dona Alaíde, o tal papel dizia mais ou menos o seguinte:

"Léozinho Amaral
Idade: 35
Qualificação: Adevogado
Especialização: Porta de Cadeia
Idiomas:
Inglês – Can be nível Avançado? I know I need some fucking conversation classes, or practicing by myself, or even something like this shit. I‘ve been forgotten the language in the last ten years. I mean, being in a jail for a long time makes you stop learning.
Do you know what I mean?
Of course you dont know what I mean 'cause you probably are one of these motherfuckers who have lots of money and never goes to jail, so fuck you.

So I think I can doing fine with my English for a while, u know, until forget everything, ‘cause marijuana and cocaine for ten years makes a little shit on your mind. Just a little.
I have also watched some Jackie Chan movies (without subtitles, that's it your son of a bitch: I really can understand that!)
And you know, I don’t have an other qualification to put as Avançado in this fucking curriculum, but, come on man, give me this job, ok?
Thank you motherfucker.
I hope you find your wife on your bed with a fuckin nigga.
Assinado, Léozinho"


Mariana S.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Eu e o café, café e eu

Parceiro: “s.m. Companheiro; colega; cúmplice; [gír.] chegado.”

O que seria de nós sem nossos parceiros? Meras peças individuais de um quebra-cabeça. Sem cor, sem sentido, sem açúcar. Eis aqui um post dedicado a vocês, parceiros de toda hora, da vida toda, parceiros de hora ou outra, parceiros daqui e dali.

O álcool e a festa, o sol e a praia, o churrasco e a cerveja. E o que teria sido dos anos 60 sem o rock? Ou dos filmes do Almodóvar sem a Penélope? Dos poetas da Bossa sem o Rio de Janeiro? Da psicodelia sem os hippies?

E o café e eu, parceiros naturalmente insones das madrugadas de estudos.
Os amigos que não vejo mais e eu, parceiros naturalmente saudosos.
Os amigos que vejo sempre e eu, parceiros naturalmente festeiros.
O banho frio no verão e o creme cheiroso depois do banho. O Newton e a maçã; O pecado e a maçã mordida. O ócio e a criatividade, Elis e Tom, o Bob Dylan e o Ray Ban Wayfarer (mais o violão e a gaita).

E algumas parcerias dispensáveis, do tipo saudade e distância, fanatismo e futebol, (fanatismo e qualquer coisa), ou até mesmo sol/lua e tatuagem.

Tem também as que se fundem: os Beatles são o rock, Vinícius é a poesia, o pôr do sol é a própria beleza. Elogiar a fotografia do filme é se fazer de cult. Faculdade é a própria melhor-fase-da-vida, assim como só-sei-que-nada-sei é saber. Dançar sem ir até o chão é não-saber-o-que-tá-perdendo. Miojo é a verdadeira fast-food, e a orgia gastronômica é o Johnny Depp.

Às parcerias, tim tim!









sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Homens: ruim com eles, pior sem eles!

Outro dia, da parada de ônibus vi um casal brigando. A mulher xingava e gesticulava. O cara, com vergonha da platéia em volta, tentava acalmá-la. Chegava perto dela pra lhe beijar, segurava seus braços, “sou um macho imponente, tão vendo?”
Não fiz questão de disfarçar que queria ver o desfecho daquela cena matinal inusitada. E se não tivesse visto o final poderia ter apostado tranqüilamente no que iria acontecer:
Ele fez uma cara de cachorro abandonado enquanto a segurava. Ela foi cedendo, parou de apontar o dedo pra cara dele, até que fez uma cara de quem acabou de encontrar o cachorro. E terminaram num beijo desentupidor de pia. Ali, em plena avenida movimentada.

Isso, claro, me fez rir e rendeu um tempo de pensamento sobre. Incrível como é comum a mulher fazer o papel de quem se comove. Sexo frágil sim! Mesmo aquelas que se dizem mais duronas. É tudo fachada, balela da mais pura!
A gente sempre sofre mais. Se comove mais. Se doa mais. Sente mais. A gente se faz de durona na frente deles, mas chora rios no travesseiro. E a gente se comove sim com homem chorando, porque afinal é raro ver isso acontecer.
O fato é que os homens sempre dão uma contornada na situação, tal qual o cara da briga na rua. Eles sabem qual é o nosso único ponto fraco. Apelam sem piedade pro nosso sentimentalismo.
Por outro lado, são incrivelmente tapados pra certas coisas, por exemplo: Será que eles não vêem que mulher sempre conta tudo uma pra outra com todos os detalhes?? Ou, será que eles não percebem que a gente sempre se faz na frente deles pra conseguir o que quer? E será que eles não vêem que quando eles vêm com aquela trova pra cima da gente, a gente sabe que é tudo teatro, mas aceita mesmo assim porque afinal “foda-se, ele é bonitinho, vou pegar” ?...

Enfim, tenho a impressão de que a mulher vive mais intensamente o amor. E mulher apaixonada é bicho triste! A criatura emburrece mesmo! Deixa de fazer o que tem que fazer durante o dia porque fica idealizando encontros com o cara. Fica idealizando a hora do beijo e sexo, e em casos mais extremos já fica imaginando o casamento. Se eles brigam, liga bêbada dizendo que ama; liga até pra sogra se lamentando e pedindo ajuda. E a pior: chora em todo filme de comédia romântica.
Tenho uma amiga que sempre diz que se fizessem uma cachaça que viesse com um pinto junto, os problemas femininos estariam resolvidos. Tem dias que só concordo com ela.

Em contrapartida, eu acredito sim no amor, aquele amor careta, das antigas. Mas é tão complicado que eu não ouso entender. Nem quero. Não é coisa que se entenda, é coisa de se sentir. Relacionamentos são relativos, variam, depende de quem. É a tal da química, que ninguém sabe explicar direito. Uns falam que ouvem sininhos tocando, outros que vêem estrelinhas...

Mas tô pra dizer que, apesar de tudo, vale a pena aquele friozinho na barriga.
Triste de quem nunca se apaixonou!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O caso do fetiche da rapariga

O Robertão acordou todo arranhado durante a madrugada e a Carmencita já tinha ido pra casa do marido. Ela tinha avisado mais cedo, depois do forró, que precisavam ser rápidos, pois o marido logo iria acordar pra ir pra padaria.

Ela era assim do tipo ‘dada’. Chegou em casa quase amanhecendo, pé ante pé, a fim do João do Pão continuar com sua roncadeira estrondosa e nem desconfiar que a mulher passara a noite na gandaia. Deu uma bagunçada no cabelo, pôs a camisola furada e deitou-se. Lamentou ter de suportar a barulheira do português barrigudo, mas pôs-se a dormir antes que ele acordasse.

O João do Pão, como era de se esperar, pontualmente levantou-se e foi cuidar do pão francês. Deu uma olhada na Carmencita e sem querer notou uma unha vermelha da mão dela quebrada, e uma mancha roxa no pé da orelha. “Mas que rapariga desastrosa, ora pá! Está sempre coberta de machucaduras, já disse a ela para cuidar-se, mas nunca me ouve, ó Deus!”

Pôs seu suspensório e a boina, ajeitou o bigode e foi para a trabalho. O Robertão chegou logo após, todo apressado e vestindo um blusão que tapava os braços e parte do pescoço.

"Estás louco, ó gajo? Neste calor usas tanta vestimenta assim? Só Deus para entender esses moços de hoje em dia! Trata de apressar-te, os primeiros clientes já estão a chegar!"

Carmencita tratou de levantar e ir logo para a padaria também. E ela despistava o João do Pão sempre que podia:

“Benzinho, quando é que tu vai mandar embora esse tal de Robertão hein? Ô sujeitinho insuportável!”

“Larga de bobagem ó mulher! Roberto é um rapaz trabalhador, quando vocês dois somem de repente da padaria o gajo me faz uma falta danada no trabalho!”

E assim ela ficava mais tranqüila pra abusar na ‘sacanági’. Tinha até um fetiche, que há pouco tinha convencido o Robertão de realizar-lhe. Porém neste dia foi crucial... A Carmencita teve até medo de cair na sarjeta de vez. Deu o azar do João chegar lá na cozinha bem na hora em que os dois estavam completamente à vontade a ponto de realizar o fetiche da moça.
O João, claro, quase teve um treco. Levou uma mão ao peito e ajeitou os óculos para ver se estava enxergando direito tamanha pouca vergonha. Enfurecido, não se conteve:

“Saaaaaiam já de cima da minha mesa de amassar o pão! Onde já se viu esfregar esse uniforme imundo cá em cima?? Se o que querias era limpar a mesa por que não me avisaste logo ó criatura? Acabo de voltar da lavanderia com estes panos limpos! Assim tu me irritas ó Carmencita, mal viro as costas e vocês tomam conta da minha cozinha como se fosse de vocês, ora pá!!!”

A rapariga recompôs-se logo:

"Avisei esse idiota para parar com essa mania de limpar a mesa do pão, benzinho. Ainda acho que você deveria demitir esse ogro! Me perdoa, meu bigodudinho?”

“Está bem Carmencitinha, está bem. Estás perdoada, minha flor de maracujá!”

E o Robertão, que até o final desse texto não havia dito nada, num murmúrio teve a constatação mais sábia de toda essa história: "Puta que pariu, Corno é foda!"

Mariana S.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O dia de Mariana em duas notas

Hoje pela manhã, numa pós-madrugada-de-ESTUDOS-pra-prova-de bioquímica de alimentos do dia seguinte, avistei uma latinha de Nesquik em cima do armário da casa da colega de aula.

Uma felicidade repentina tomou conta de mim quando lembrei do coelhinho aquele, do comercial do Quik. Isso ainda existe, meu Deus!
Abri a geladeira num espasmo, disposta a esquecer do leite-desnatado-para-dieta e apanhar uma caixa de leite-integral-geladinho. Minha expectativa aumentou quando calculei que havia ficado no mínimo uns 10 anos sem ter tomado Quik. “Cresci e esqueci de tomar Quik!”, pensei.

Me servi de umas 3 colheradas do rosinha. Bebi, e naquele instante veio a imagem da minha mãezinha me levando a mamadeira de Quik na cama num dia chuvoso e frio. Ahhh que gostinho delicioso! Que saudade de casa! E adorei a experiência de me sentir na minha casa da infância e reviver aquelas sensações boas de novo só por tomar um copo de Quik geladinho depois de 10 anos. Comecei bem meu dia, enfim.

De tarde, durante a prova, respondi a uma questão sobre os fatores que influenciam no amaciamento da carne pós abate. E ao lembrar do Quik da manhã, “A indústria alimentícia é mesmo fascinante” – quase acrescentei na resposta.
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De noite, vi ninguém mais ninguém menos que Chico Buarque de Hollanda na propaganda eleitoral da tv local de Porto Alegre, pagando pau pra candidata a prefeita Maria do Rosário. E, bem, todo mundo sabe que ele não é um artista desses que se presta a qualquer tipo de aparição.

É comum os candidatos apelarem pro prestígio dos artistas pra angariarem alguns votinhos decisivos no final. Mas essa Maria do Rosário realmente me surpreendeu. Parei até com a palavra cruzada tamanha foi minha surpresa. Porra, Chico Buarque! Pagando pau pra ela!! Confesso que não acompanhei a campanha, mas se o Chicão tá dizendo...

E me fez pensar que bom seria se, em sonho, a administração dela se baseasse só no aval de Chico Buarque de Hollanda... Aí sim estaríamos no mínimo numa boa nos próximos quatro anos.

E ah, amanhã vou comprar uma lata de Quik, sem dúvida.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Minha infância foi a melhor!

Hoje estava lembrando de tudo que marcou minha infância, das brincadeiras, dos amigos. Que época boa!

Dos desenhos, gostava mais de Dragon Ball Z, Timão e Pumba, Ursinhos Carinhosos, 101 Dálmatas, Coragem o cão Covarde, Os Anjiinhos, Marsupilami e aquele do Pateta e Max, a dupla que é demais. Tinha assinatura dos gibis do Chico Bento e ganhava gibis dos primos. Jogava Nintendo e Play Station 1: Crash Bandicoot (viciada), Tony Hawk, Super Mario, Sonic, Street Fighter, Tarzan, Fifa 98 (adorava a musica do ‘I-hul, sai daqui não volta mais, I-hul!!’ – que muito tempo depois fui saber que era “Song 2” do Blur...). Colecionava Tazos (!), pulava elástico. Saía correndo da aula às 17h30min pra assistir TV Cruj e depois as Chiquititas. Adorava Meu Pé de Laranja Lima e Castelo Rá tim bum. E sim, no auge do É o Tchan eu achava o máximo dançar as músicas, apesar de sempre ter achado a Carla Perez uma retardada mental por causa do i de iscola.
Peguei os Teletubbies numa época em que era maiorzinha, por isso achava tudo muito tosco pra minha idade. E pensava: ‘mas que porcaria é essa?!’.

Eu não era muito chegada em barbies... Mas no quarto era tudo rosa, afinal as mães decidiam tudo que iríamos vestir e a decoração do quarto idem. Eu queria fazer Karatê, tal qual meus irmãos, aí minha mãe me pôs no Ballet (aiheiauha).

A gente tinha um Clubinho, tinha carteirinha e tudo. Toda a gurizada da vizinhança era membro. E fazia peças de teatrinho sobre o nascimento de Jesus pra apresentar pros adultos na Novena de Natal...

Das apresentadoras infantis, eu gostava mais da Eliana do que da Xuxa. Sempre achei a Xuxa meio chata. Mas preferia a Eliana no tempo do Melokoton, e achava o máximo as experiências do programa. “Tesoura seeeem poonnta!”.
Gostava também do Passa ou Repassa, que foi minha inspiração pro concurso do Torta na Cara entre a turma do Clubinho (o Clubinho também foi inspirado no filme dos Batutinhas, que eu assisti umas 10 vezes).

Os Mamonas Assassinas também marcaram minha infância. Era incrível como todas as crianças amavam e sabiam de cor todas as letras, mesmo sem entender boa parte do que elas significavam! Eu me lembro do dia em que perguntei pra minha mãe, no auge dos meus 6~7 anos de idade, por que é que eles cantavam “comer tatu é bom, que pena que dá dor nas costas”. Ficava imaginando as várias conotações de comer tatu, o Dinho tirando um tatuzão do nariz e comendo, porém não entendia como esse simples ato poderia dar dor nas costas... Ou então um tatu sendo assado no forno com uma maçã na boca... mas a dor nas costas continuava sem sentido. Me lembro da olhada de canto que ela deu pro meu pai e da risada que os dois deram. “Comer tatu minha filha, comer tatu” disse ela. E eu continuei no vácuo.

Algum tempo depois, quando as crianças adquirem malícia (por influência dos primos mais velhos ou amiguinhos adiantados) descobri o que significava ‘comer’. Ficou tudo muito claro: “Porque o bicho é baixinho, e é por isso que eu prefiro as cabritas”. E me senti super inocente.

Tinha quadrinho de giz e brincava de forca. Jogava Banco Imobiliário e Jogo da Vida à exaustão! Adorava brincar de Stop (uhhh iiistóóóóp). Eu tinha até uma lista de coisas com as letras mais pedidas, pra escrever mais rápido na hora da brincadeira e ver os adversários se ralando. (Nome: Mariana; Carro: Monza; Cidade: Manaus; Animal: Macaco; Cor: Marrom; Fruta: Manga).

Pulava corda! (“Com quem você pretende se casar, loiro, moreno, careca, cabeludo...”; “Dona Caxeta, coluna recheada, come piolho com água e salada...”).
E nas festinhas de aniversário adorava sacanear os amigos puxando o “com quem será que a fulana vai se casar”, só pra ver os risinhos gerais e a aniversariante morrendo de vergonha do pai, da mãe e da vó saberem quem era seu ‘ficante’.

Embora seja de praxe se apaixonar pelo professor, eu nunca tive dessas... Gostava secretamente do Pablo. Ahh o Pablo... os olhinhos brilhavam. Acho que todas já gostaram do Pablo um dia.

Saudade de ir pro sítio brincar na terra e ficar observando a trilha das formigas cortadeiras. De comer bergamota debaixo do pé. De fazer parte das coreografias de dança pras festas juninas na escola. De dizer pras melhores amigas: ‘não sou mais tua amiga’ e dois dias depois pular elástico com elas e voltar tudo ao normal. De jogar Nilco e Caçador na educação física. De posar (dormir) na casa da Bruna e da Steffi e na casa das primas Lilian e Susu. Das feiras de ciências, dos recitais de textos e poesias e das peças de teatro infantil. Das piscinas de 1000 litros e de ir na casa do Carlinhos brincar e jogar Nintendo. E de armar confusão com os irmãos mais novos Cícero - o Destruidor do Futuro e Marcelinho - o Alemão Batata.

Enfim... Senti, ao lembrar de tudo, que tô ficando velha (eu fiz curso de datilografia!), quando vejo essa criançada de hoje em dia literalmente não fazendo nada do que eu fazia. E acho um absurdo essa falta de convivência na rua com os amiguinhos, da coisa do pé descalço e do brincar no barro. Tá certo que fui criada em cidade de interior, mas mesmo assim...

Por isso, Pais... Deixem seus filhos detonarem os brinquedos! Brincarem com os vizinhos de pega-pega e esconde-esconde, sujarem a roupa! (Omo não resolve?) Deixem-nos falar besteira e comprem-lhes gibis. Não os repreendam se eles rasgarem os gibis depois ou riscarem a cara das bonecas com caneta bic. Levem-nos para os parques, façam pic-nic com eles. Não os ensinem a usar MSN com 8 anos de idade, restrinjam o computador! Incentivem a criatividade. Salvem a infância de seus filhos!!!

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Texto dedicado ao Diego, ao Gabriel, ao Nick, à Marina, Giordano, Lílian, Dírion, Karina, Marlon, Cícero, Marcelo, Fátima, Carlinhos, Júlia, Bruna, Mateus, Dani, Fernanda, Kelly, Lilian B., Suélen, Bruno, Letícia, Luquinhas, Gustavo, Tio Quico, Nati, Tiago (os vizinhos/ amiguinhos/ primos/ irmãos/ membros do clubinho e mini-atores das peças de teatrinho), Bruna, Denise, Camila, Steffi, Dalton, João Carlos, Henrique, Biga, Andressa, Maurício, Naidi, Maiara, Vanessa, Carla, Ana Carla, Jéssica (os amigos da escola), Rosane, Heleninha, Ozana, Sueli, Terezinha, Marilei, Tia Enelói, Fabi, Joelma, as Roselis, Fátima, Ivânia, Mari (as professoras), Seu Ermes e Dona Maria do Carmo (pai e mãe).

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Depp's Brown cliche Eyes


O gostoso do Johnny Depp disse em meio a uma frase num filme, interpretando o jornalista gonzo Raoul Duke: “(...) e com olhos de quem quer ver, podemos enxergar a marca da água, local onde a onda finalmente quebrou e recuou”. Parei pra pensar nisso, ao mesmo tempo em que lamentava o quanto conseguiram deixar o Depp feio naquele filme (se é que isso é possível).

Muito me atrai essa coisa de olhos, mesmo admitindo o clichê. Quem nunca ouviu uma música ou filme que tenha um “open your eyes” ou “close your eyes”?... O fato é que o universo do olhar está sempre associado com a sinceridade e com a veracidade. Feche os olhos, reflita, pense sobre sua vida, sobre o que está fazendo dela. Abra-os, aja, veja o mundo em volta e faça questão de não ser hipócrita: “Só vê aquele que realmente quer enxergar”. Clichê, sim, mas inteiramente verdade.

Aliás, clichê é também uma forma de ver as coisas... Geralmente vem acompanhado de uma carga de desaprovação: “Ah não, essa frase aí todo mundo diz, como você soa clichê!” Ou: “Não uso tênis Nike porque, apesar de aparentar ser confortável, acho feio e é tão ‘todo mundo tem’... Ou então: “Che Guevara pode até ter tido seu valor como revolucionário, mas tem coisa mais podre do que usar a estampa da cara dele em camiseta?”

Admito... o clichê me deixa má impressão. O que se destaca e se diferencia da massa é sempre mais atrativo aos olhos. E Nelson Rodrigues não me deixa sozinha nessa: “toda unanimidade é burra”. De fato a unanimidade costuma ser. Mas esse 'toda' sempre me deixa em dúvida, porque nem toda vez eu discordo da unanimidade. Sempre há algo que no fim das contas, mesmo sendo preferência da maioria, acaba estando entre meus favoritos também. Afinal o Depp no tal filme – pra quem não sabe, Fear and Loathing in Las Vegas, em inglês, porque título em português é clichê (hiuahuia) - mesmo careca e todo esculhambado, continua sendo bem pegável. Mas unicamente porque “ele é o Johnny Depp!!!” Enfim, não conheço mulher que não pegaria esse 'pedaço de mau caminho'...
É, colegas. Tem coisas que são inevitavelmente clichês.

Mariana S.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

...

É como ter a pinça, o espelho e um pêlo da sobrancelha fora de lugar.
E a faca e o queijo na mão.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Apelo



Tristes dos que não conseguem olhar no olho.

Incapazes de demonstrar e captar

a sinceridade do olhar

O único que não mente.

Cara a cara

é tão complicado assim?

Coragem aos fracos de coragem...

Aprendamos a olhar no olho!

Saibamos respeitar a sinceridade do outro

Saibamos nos aproximar

Aprendamos a nos permitir.


Mariana Somariva

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Nostalgia


Francisco e Quim eram amigos. Desde sempre. Clássico. Faziam tudo juntos. Estudavam juntos. Bateram o carro juntos. Perderam o cabaço juntos.

Um dia, Quim percebeu que sentia uma atração fatal pela namorada de Francisco. E ela também. Os dois se encontravam escondidos atrás do muro do colégio. Conversaram certa vez sobre estarem enganando Francisco, mas rapidamente esqueceram-se da culpa quando o clima esquentou.

Quim e Francisco continuavam amigos, embora não fossem completamente sinceros um com o outro. Fizeram planos de tornarem-se sócios numa empresa. Fizeram planos de viajar juntos para a Europa, só com a mochila nas costas e muita história pra contar depois. Clássico.

Quim e Francisco cresceram, seus pensamentos mudaram, suas namoradas mudaram. Quim foi estudar direito e Francisco foi estudar medicina. Anos se passaram e eles nunca mais se viram, até que tudo que sabiam um do outro era apenas uma remota lembrança do passado. Clássico...

O chamado Feeling Para a Coisa...

Uns têm, outros não. Mas por quê? O que leva uns a ter maior habilidade? Maior perspicácia, maior capacidade para lidar com a coisa? Quero dizer, a coisa da vida, o cotidiano, a existência em si. O poder de se sair bem nas mais variadas situações.
Generalizadamente, temos mais dificuldades do que facilidades. Costumamos reconhecer – ainda que somente para nós mesmos – nossas fraquezas e anseios de sermos melhores e de errarmos menos. Nos decepcionamos ao cometer alguma falha, e usualmente prometemo-nos não tornar a repeti-la. Ou seja, desejamos evoluir. Logo, essa habilidade dá-se em cada indivíduo não porque este não racionaliza a necessidade de lidar com a coisa, mas sim porque ele simplesmente age. Ou seja, põe em prática tal necessidade de fazer melhor da próxima vez. E o faz.

Creio então que o feeling para a coisa seja uma virtude adquirida ao longo da vida; assim como creio que haja os que já nascem com habilidades privilegiadas.
Estes últimos são os incontestavelmente bons na coisa. São aqueles que chamam a atenção de todos para seus talentos diferenciados, desde criancinhas: o fantástico ator, a afinadíssima cantora, o gostosão que é o terror das menininhas.

Melhor ainda são os que acrescentam às suas capacidades naturais o conhecimento adquirido, o que na verdade acontece em grande proporção, já que, afinal, todos temos talentos. A diferença é que uns os desenvolvem, outros não.

Entretanto os primeiros, aqueles que adquirem o feeling em virtude do que vivenciam, também me chamam certa atenção. Mas só porque entra aí uma questão de superação, e de desejo de se dar bem naquilo. Este anseio por descobrir, aprender e explorar capacidades desconhecidas é quase que incansavelmente empolgante.

Talvez seja por isso que eu, que nem de longe fui a aluna nota dez em matemática, esteja cursando uma engenharia...

domingo, 22 de junho de 2008

Os Degraus




OS DEGRAUS

Mário Quintana

Não desças os degraus do sonho

Para não despertar os monstros.

Não subas aos sótãos - onde

Os deuses, por trás das suas máscaras,

Ocultam o próprio enigma.

Não desças, não subas, fica.

O mistério está é na tua vida!

E é um sonho louco este nosso mundo...

Cilindro Cônico


Analisando a decisão do júri no julgamento do assassinato da Língua Portuguesa, comprova-se, naturalmente, a eficácia das impressoras, as quais foram descobertas forjando ingressos para o show dos Rolling Stones em Copacabana.

Sem dúvida, uma questão como essa deve ser analisada a partir de uma ótica imparcial, considerando que o cão agiu de maneira fria e calculista, e que as cataratas estão secando juntamente com quem com ferro fere, com ferro será ferido. Ferro esse que aliás mantém-se num patamar extremamente elevado em relação ao teclado, já que, obviamente, os telefones chegaram onde estão porque o Vingador é filho do Mestre dos Magos.

Ao contrário do que milhares de pessoas pensam sobre o que acabo de mencionar, os controles remotos comandam sim grande parte do turismo no Haiti, o qual é avaliado também segundo a bilheteria de Tropa de Elite. Dessa forma a legalização da maconha passa a ser questionada também com vistas a alertar para o alastramento da crise da bolsa de Nova York, já que a peste bubônica se restringe aos náufragos da ilha sobre a qual acabei de falar.

Fica muito claro para mim então, que se os senadores optarem por correr no gramado, a vida em Marte seria tão possível quanto a boate e bar 14 Bis promover um show do Bob Dylan, o que nos permite entender tudo o que jamais achávamos que iríamos entender na vida: quem nasceu primeiro, o ovo ou a baleia?

Como na verdade essa resposta é imperceptível aos olhos, resta a Salvador Dalí calcular a intensidade com a qual a guitarra elétrica define os rumos das leis no Brasil.
Portanto, torna-se justificável o aumento da fabricação de chocolates, pois nem o ganso e nem a barra de espaço concordam com a especulação que vêm sofrendo as vacas, as quais ainda insistem em dizer que jamais roubaram a fortuna do Tio Patinhas.

Diante de tanta injustiça, é essencial que se atente para o detalhe de que o Wolverine, ao contrário de seu opositor mutante Arnaldo Baptista, continua dizendo que também não foi ele.


PS.: Os vegetarianos que me perdoem, mas parafrasear é fundamental.

Mariana S.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Tempo


Ouvindo aquele som repetitivo ao longe, Tom acorda. Estica o braço, desliga o despertador. Fecha os olhos. Naquele mundo paralelo entre seu sonho maluco e pensamentos do quão rápido deveria ser para não se atrasar pro trabalho, levanta num pulo. Por que diabos a vida tinha que ser assim? Por que é que ele estava sempre tão escravo do tempo?

Era claro para Tom que pessoas cheias de entusiasmo e dadas a devaneios e a longas reflexões como ele, não poderiam ter tempo que os limitasse. Precisariam de umas 30 horas no dia pra realizar tudo o que têm em suas mentes ativas. Mentes essas que têm disponibilidade, vontade, coragem. Que não ficam estagnadas, que agem. Ele apanha seu par de all star velho na bagunça de seu quarto, senta na beira da cama e os calça. Quantas lembranças lhe traziam aqueles all star... A antiga namorada, que por acaso ele ainda amava, é que havia lhe dado de presente. Como poderia ele esquecer daquele beijo? Resolve logo afastá-la dos pensamentos não querendo começar o dia nostálgico, o que o faz perceber que a nostalgia já tinha lhe tomado logo ao acordar...
Levanta-se, veste-se, vai ao banheiro, e escovando os dentes calmamente, lembra de adicionar uma Close-up na sua lista do supermercado. E lembra da imagem de sua mãe o levando ao supermercado quando criança, das figurinhas de salgadinho que comprava e trocava com os colegas, e dos colegas. Que infância feliz havia tido ele. No caminho até a cozinha, pensa que poderia usar aquele tempo para terminar de ler seu livro, que ficara a um capítulo na madrugada anterior. Descarta a hipótese, posto que se atrasaria ainda mais. Maldito tempo!
Arruma um pedaço de pão, passa a margarina que quando comprara não percebera ser sem sal, o que o deixa irritado. Tom odiava falta de sabor. Em gente também. Como é que podiam existir pessoas tão sem sal? Tão inócuas, insípidas, passivas? Faz um café, bebe-o bem quente. Pessoas assim, pensava, não se preocupavam com a falta de tempo, uma vez que disponibilizavam dele sempre. Tinham tempo de sobra porque simplesmente não o ocupavam. Mas não as enxergava com hostilidade. Nem com pena. Apenas as considerava.
Observa o relógio de parede, perdido em seus pensamentos, ainda sobre a tamanha diferença que via entre si mesmo e aquelas pessoas inexpressivas, e o quanto na verdade achava melhor não ter tempo, então. Agora sim, assustado, vê que horas eram. Neste mesmo instante, o celular toca enlouquecidamente. Tom já sabia quem era e o que dizer ao seu chefe, pois usando sua capacidade criativa já tinha pensado nisso ao mesmo tempo em que se irritava pelo esquecimento da margarina com sal. Diria qualquer coisa sobre o atraso, menos a verdade. O tempo havia lhe escapulido. De novo.

Mariana Somariva

Tesão

Às vezes me perguntam sobre o que me faz gostar de uma música ou banda. Não falo de simplesmente o vocalista ser lindo, ou de ser preferência unânime da turma. Falo de um som que se ouve e se ama, mas unicamente por ouvi-lo. Então como saber? Aí logo remeto à velha mania do homem, a de criar coisas. Inventamos medidores para tudo. Termômetros, velocímetros, voltímetros, réguas e por aí vai. Assim, naturalmente, há de existir um medidor para o gosto musical.
Pois bem. Crio aqui o medidor natural do tesão! Sim, o próprio, o tesão. A libido, a vontade por outra velha mania do homem: a de fazer sexo. Se há uma música que lhe dá prazer, esta realmente está entre suas favoritas. Pode testar. E tudo por quê? Simplesmente porque remete a algo bom. Ok, aí virão aqueles que dirão que posso comparar com qualquer outra coisa que me lembre algo bom. Porém o tesão, meu amigo, é imbatível. É certo: “deu tesão, ah, então amo essa música”. Contudo, como qualquer método pode ser falho, observe que a recíproca da frase acima não é necessariamente verdadeira. Mas afinal, quem é que está preocupado com isso depois da descoberta desse novo medidor, ham?

Humor Cogumelo



Férias. Tarde fria e chuvosa, estava ela à toa em casa. Resolve ligar a televisão e ver se a programação continuava aquela merda de que se lembrava. Logo vê a Brooke Shields bronzeadérrima nadando na praia. Simplesmente não acredita que ainda passam Lagoa Azul na Sessão da Tarde. Troca de canal. Assiste a apresentadora anunciando: “Tamires tem 15 anos e diz: Eu não gosto de usar calcinha. Tamires, entre por favor! (palmas).” Meu Deus, pensa, até onde chega a estupidez humana? Esperançosa, troca de canal novamente. “Oh, Maria Mercedes Esmeralda do Bairro, eu te amo muito mais que meu irmão Carlos Daniel Eduardo Costa Bratcho, dê-me uma chance por favor, morrerei aqui mesmo de desgosto, vou me esvair em lágrimas...”
Bem, percebe enfim que está na hora de procurar algo diferente pra fazer. De repente sente fome. Vai até a cozinha, procura no armário algo pra comer, ao que vê um pacote de macarrão instantâneo. Feito! Nas férias havia esquecido o que é comer Miojo. Prepara-o, volta pra sala, liga uma música. Olha pro macarrão e já com água na boca (sim) se prepara para dar a primeira garfada. Percebe então que está com frio e resolve buscar um cobertor.
Larga o prato sobre a mesinha e no caminho, sem perceber, recorre à sua antiga mania de enrolar uma mecha de cabelo, assim à la Conde de Monte Cristo mesmo. Começa a pensar em nada, pega o cobertor inconscientemente e volta pra sala, sem perceber se ajeita no sofá, se cobre e continua a enrolar a mecha de cabelo comprido. Olha pra ela fixamente, concentra-se inteiramente naquilo. Sem piscar. Enrola. Esquece-se da fome. Enrola o cabelo. De repende tudo o que vê é um mundo desfocado à sua volta... e a mecha. Gira a mecha. Alguém ao seu redor... gira. Ao som daquela psicodelia que pusera tocar, via borboletas azuis circundando seu cabelo que rodava, rodava, para o infinito até a porta do céu... até a lâmpada vermelha que se infiltrava nas fotos e nos porta-retratos da estante esfumaçada... E ela de mãos dadas com a Maria do Bairro e com a mesinha, que girava, girava, girava... Pelos cabelos de macarrão, no meio do prato que gira, numa roleta infinita, cheia de cores e flores... Além de passarinhos loucos atrás de macarrão amarelo com molho de galinha caipira, tv’s redondas coloridas cheias de paz e amor, cheias de ilusões de ótica... E visões cheias de um espelho com a cara dela refletida, sendo segurado pelo seu irmão à sua frente, que teimava em fazê-la enxergar a si mesma e finalmente perceber suas pupilas dilatadas e sua expressão fascinada...

- Seu filho da mãe, estraga prazeres.

Mariana Somariva