quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Desgosto


Ele odiava revistas de banheiro. Aquelas mesmo, que ficavam num cestinho do lado do vaso sanitário.
Aquelas pútridas revistas, pensava, o fitavam com escárnio. Ficavam lá esperando para serem lidas, e tinham absoluta certeza de que o seriam, por isso riam-se dele.


Sabiam, as malditas, que naqueles momentos de solidão não se havia mais absolutamente nada interessante a fazer.

Riam-se a ponto de humilhá-lo: sabiam que ele não resistiria folheá-las, mesmo tendo plena consciência da variedade incontável de coliformes fecais espalhados pelas páginas - desde os descaramentos da politicagem até as seções enfadonhas de variedades para patricinhas.

Era o que se tinha de mais cômodo àquele instante; detestava reconhecer que era informação adquirida puramente via goela abaixo.

E também achava repugnante ter que umedecer o dedo na língua pra poder trocar de página. Porém só o percebia depois de já ter engolido.

Um comentário:

1 z e r 0 disse...

obrigado pela visita e pelo comentário!

em relação ao cantar, eu me referia mais a uma especialização da pessoa dentro de uma perspectiva iniciática, ou seja, bem distante daquilo que a ex-bbb fazia.

por isso que eu não canto, apenas escrevo, sem significar que eu saiba fazê-lo, apenas creio ser a melhor forma para expressar o indecifrável.

volte sempre, a porta já está aberta!

ps: quanto ao seu texto, gostei bastante, tem uma linguagem mordaz, contundente e ácida. também destacaria a parte gráfica do seu blogue, gostei das cores.

beijos e um bom final de semana!