quarta-feira, 27 de maio de 2009

Velhice


Observação auto-avaliativa cretina de véspera de vigésimo aniversário:


Essa ruguinha não estava aí antes.




terça-feira, 28 de abril de 2009

Montanha Russa


Quem ainda acha que TPM é lenda, que vá virar mulher pra ver! (Sim, porque só não sendo uma pra negar a existência dessa praga que pega a gente uma vez por mês). Praga! Primeiro porque precede aqueles dias de cólica, de incomodação e desconforto. Segundo, porque quando pega deixa a gente lesadinha. É uma inconstância sentimental, cara feia, cara feliz e choro. Muito choro.

Tudo irrita. A voz daquela infeliz que não cala a boca no banco de trás do ônibus deixa louca de raiva, ainda mais porque você esqueceu em casa os fones de ouvido, e a vontade de enfiar a mão na cara da idiota corrói por dentro. Como é que alguém consegue estar rindo a essa hora da manhã? Essa infeliz merece ir pro inferno! Ela e todos desse ônibus barulhento. E como diabos eu fui esquecer aquela merda de fone em casa? Sou uma irresponsável mesmo, esqueço tudo, só chego atrasada, ai Jesus, olha a hora que já é! Tudo culpa minha, culpa deles todos, odeio tudo!

Tá. Calma. Calma. Conta até 10, vai, faz isso, força na peruca!
E a raiva vai embora tão rápido quanto chegou.


Bom dia? Bom dia é o cacete! Só se for pra você, porque pra mim tá tudo péssimo. Desde ontem tem dado tudo errado na minha vida. Ta vendo? Minha vida é uma depressão! Me sinto horrível e desinteressante, olha pra mim, sou tenebrosa. Preciso desesperadamente de um chocolate daqueles com avelãs. Mastigo e derrete na boca, que maravilha, meu Deus, que momento sublime!
Pronto, agora me sinto uma gorda horrível que come compulsivamente, estúpida e burra e feia. Dá vontade de dormir sem escovar os dentes de tanto ódio!


Não quero nem saber, vou me rebelar, vou largar a faculdade. Vou viver de esmola, quem sabe assim alguém tem dó de mim. Não quero mais saber de nada, vou é encher a cara em qualquer boteco, tenho direito de estar assim, será que as pessoas não percebem que tá tudo uma porcaria? Odeio. Amo. Dou patada. Dou gargalhada. Choro feito criança.


Então de súbito, uma perspectiva maravilhosa de que a vida vai melhorar toma conta do seu ser. A cartelinha do anticoncepcional diz que amanhã é dia de menstruação.

MS

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Pão e Circo

Seleção Brasileira de futebol em Porto Alegre. Só se falava nisso. As pessoas em êxtase se aglomerando pra verem seus ídolos que... fazem o que mesmo? Ah! jogam futebol! Futebol arte, tá ligado?...

A TV local de Porto Alegre, claro, cobrindo o evento todo na íntegra. Um link ao vivo mostrando todos os detalhes da saída da Seleção Super Fantástica.
Eis que a repórter aborda o Kaká entrando no ônibus da Seleção – e sedenta por arrancar qualquer palavra da simpatia, larga um: “Vai pro jogo, Kaká?!”

Não amiga!!! ele tá pegando a condução pro turno da noite do Frigorífico!...

Aí pra completar, o baba-ovo da Renascer e do dinheiro lavado da Bispa Sônia, nem se prestou a olhar pra infeliz da repórter.
Ronaldinho Endeusado Gaúcho vinha logo atrás, e adivinha! Ela repetiu a pergunta infame! E teve que disfarçar com outro comentário estúpido o vácuo que ele deixou: “Aí vem o técnico Dunga, sempre com suas roupas diferentes, seu estilo próprio de se vestir não é?”

Podia chamar logo a Glória Kalil, pra tricotarem ao vivo sobre o modelito dele né colega?!

Quer dizer, é uma porcaria em função da outra. Uma simpatia-de-dar-inveja-na-Hebe dos jogadores superstars, uma mídia puxa-saco e manipuladora, e dá-lhe pão e circo pra toda essa multidão!

Mesmo assim, não é que eu ache o futebol assim tão ruim. Entendo que é paixão nacional, que é coisa cultural e blá blá blá. O problema é a manipulação descarada e fanfarronada que se faz.
Então sinceramente... pra esses caras todos, pros Deuses da Seleção, pro Grenal e pros gols da rodada: tô cagando e andando.

MS

segunda-feira, 16 de março de 2009

The Greatest Hits

Andei dizendo por aí que os clichês não me soam bem. Mas dessa eu preciso me retificar: esqueci dos Greatest Hits!
Sim! Os the very best of. São os top que todo mundo conhece. O senso comum da música.
Mas... quem se importa? Ninguém tem a cara de pau de negar que sejam as melhores!

Observe, todavia, que por certo não me refiro aos Greatest de seres nebulosos do tipo Angélica e sua lastimável Vou de Táxi - de modo que se torna desnecessário citar semelhantes.

E bem, ninguém pode dizer que nunca baixou logo os Greatest Hits pra “ver qualé que é a dessa banda aí”.
As the very best são aquelas que servem pra vender o peixe mesmo. Embora tenha algumas que o venderiam bem melhor se não esquecessem de incluir umas top - do tipo Dogs nos Best do Pink Floyd, por exemplo.

Por outro lado, também acho que seja difícil eleger melhores coisas quando se estabelece um número limitado pra elas:
Pensa aí nos 5 melhores prazeres da vida. “Ah, mas são tantos! Posso eleger mais?”
Então me diz aí os 5 melhores álbuns de todos os tempos.
Nada fácil escolher, não?...

Na verdade, o melhor dessa história toda é que podemos chamar os Greatest-Clichê-Hits por outro nome: o primo mais requintado do clichê. O Senhor Clássico!
Ah, esse sim tem um quê de peculiaridade. Todo mundo acaba sendo fiel aos classicões, às velharias; e os melhores Hits de todos os tempos nada mais são do que adoráveis clássicos - assim como disco de vinil na vitrola, Scotch Whisky 12 Anos e máquina de escrever.

MS

segunda-feira, 9 de março de 2009

what do you do for money, honey?

Dinheiro na mão é vendaval?
Dinheiro na mão?
Dinh?
?
O Dinheiro é a escória dos papéis.

MS

sábado, 7 de março de 2009

Telemarketing

Aquió, o que eu tenho pra dizer é que esse seu plano de saúde é uma merda, colega. Tô é puto da cara com essa falta de respeito. A gente trabalha, paga essa porra de plano pra, Deus que me livre, nunca precisar. Mas quando precisa a gente é atendido desse jeito que vocês chamam de excelente. Quero que esse pessoalzinho vá é pro inferno, ta entendeno? E você junto, rapá. Ficar calmo? Eu ESTOU calmo, seu ladrão. Fico puto quando me mandam ficar calmo. Como se você soubesse o que é levar de Fusca a tua sogra pro próprio enterro e a merda do plano de saúde não cobrir nem metade da despesa. Como? Não cobre enterro? Ta gozando com a minha cara, rapá? A mulher e as criança aqui do lado choramingando, me enchendo o saco, e ainda tenho que me fuder pagando toda essa bosta. Cala a boca mulher! Quê? Não, animal, não você. É, vocês querem mermo é que a gente morra pagando prestação, seus ladrões. Não, não quero saber de nada disso, eu quero é receber o que vocês me roubaram ta entendeno? Quê? Infelizmente não é possível? Eu vou no Procon ta entendeno? Boto vocês tudo na cadeia seu bando de viado ladrão! Eu fico puto da cara! Cala a boooooca mulher!!

A ExcelenteMed agradece a sua ligação. Aperte 1 para super satisfeito. 2 para satisfeito. 3 para repetir o menu anterior.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Turbilhão


Sem querer dar uma de Freud, veja bem. Mas me parece desafiador tentar decifrar um a um os turbilhões de idéias que surgem no pensamento. Como conseguir colocar no papel algo que está se passando em dimensões e proporções tão infinitas? Escrevo isso e ao mesmo tempo tenho pensado em várias outras coisas.
A mente voa, sem necessitar da muleta da coerência.

Deixa levar, e passa o gosto do café do início da manhã; desejos, cores vão remetendo a lugares no espaço e no tempo que não precisam ter interligação. Então, repentino, vêm as decepções consigo, sensação de mente e corpo em desequilíbrio. Será que tenho feito mesmo tudo errado? Quero dizer, nos meus quase-fiz, quase-falei. Até que deliberadamente se procura retomar a última lembrança agradável.

Em milésimo de segundo, vê-se um laranjado imenso e uma sensação quase sinestésica de vento no rosto, gosto de algodão doce, textura leve. E então saca-se: poderia viver pra sempre nessa sinestesia induzida.
Num piscar de olhos, essa idéia de êxtase acaba se dissolvendo em qualquer música que se ouviu antes, em qualquer idéia que se quis escrever sobre, porém ficara ali trancafiada por falta de coerência entre mente e caneta.

E questionar o por quê de se estar pensando e sentindo isso tudo também não cabe agora. Só rende outro turbilhão de questionamentos, e tudo recomeça.
Enquanto isso, o John grita I’ve got a feeling, e nós, a feeling deep inside, oh yeah, oh yeah;
É um sentimento deep inside de felicidade que, percebo neste momento, é inútil tentar traduzir em palavras. Seria subestimar demais o fato de saber por sentir.